Antes de mais nada deixe-me apresentar rapidamete quem é Paulo Gentil para que você que é um leigo na área de educação física, pois eu creio que todos educadores físicos tem conhecimento de quem ele seja.
Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília Autor dos livros
"Emagrecimento: Quebrando Mitos e Mudando Paradigmas"
"Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia"
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Tá bom pessoal, vamos à Veja!
Desde que comecei a estudar eu confesso que fui obrigado a parar de ler certas revistas e assistir determinados programas, pois já estava desenvolvendo uma úlcera por estresse e corria sério risco de infartar ...no meio de algumas matérias. O maior problema de determinados veículos é que as informações chegam com muito atraso e com muitos erros, normalmente impulsionadas por motivos não tão nobres.
Mas vamos ao caso específico. O uso de atividades intensas e de curta duração é muito antigo, por exemplo, Zatopek popularizou o treino intervalado nas Olimpíadas de 1952 em Helsinque, e há relatos que esse tipo de treino já era usado há mais de um século. No entanto, é bom ver que a informação, enfim, chega ao grande público, mesmo que com qualidade e atraso preocupantes.
Alguns pontos sobre a matéria:
- logo de cara já tem um erro comum, pois não existe diferentes tipos de hipertrofia, portanto não se pode falar em aumento desproporcional de sarcoplasma e miofribilas (Gentil, 2011).
- a gordura não é uma fonte de difícil metabolismo, muito pelo contrário ela é mobilizada até mesmo quando estamos em repouso. Dizer que poucas atividades queimam gordura seria o mesmo que queimar todos os princípios do metabolismo energético.
- a gordura perdida preferencialmente é a da região abdominal (Murphy et al., 2012; Chaston et al., 2008; Mayo et al,. 2003) e a matéria afirma que a gordura abdominal seja a última reserva de energia do seu corpo. A última reserva que seu corpo utilizará são as proteínas!!!
- não existe artigo científico sobre o protocolo de 7 minutos de Klika e Jordan e seria bom ficar claro que eles são personal trainers e não cientistas ou pesquisadores
- o Human Performance Institute é uma empresa de treinamento em diversas áreas e para diversas pessoas (atletas, militares, empresários...) e não um centro de pesquisa em exercício.
- o estudo usado para dizer que o método eleva o metabolismo por 72 horas não pode ser usado para isso. Kilka e Jordan não realizaram estudo algum, eles citam um estudo de Heden et al. (2011) no qual se realizou um circuito com 10 exercícios (leg press, mesa flexora, flexão plantar, supino, puxada, desenvolvimento, rosca direta, extensão de cotovelos, flexão de tronco, extensão de tronco) com 10 repetições máximas de cada um na cadência 4020, o que levou 16 minutos para ser concluído. Ou seja, não tem nada a ver com o protocolo em termos de sobrecarga, velocidade, duração, tipo de exercícios, etc.
- o método de 7 minutos é legal para um sedentário, mas terá benefícios limitados e de curta duração, por carecer de boas possibilidades de progressão de intensidade. Não resolverá a vida de ninguém! Um bom professor cria um treino melhor dentro do mesmo tempo
- o kettlebell é de origem europeia e foi popularizado na Rússia lá pelo século XVII, essa história de sino de boxeador é novidade pra mim e para qualquer estudioso. Ah, e o popularizador dele foi o russo Pavel Tsatsouline, e não o tal do Ferris, que é um desses gurus da moda.
- Por falar em Ferris, dizer que é dele a ideia de reduzir o volume de exercícios chega a ser ofensivo. Se eu fosse falar de alguém falaria de Arthur Jones, o criador do HIT que já falava "less is better" há mais de meio século
- o GH não é liberado para recuperar os músculos após o exercício, ele é liberado durante o exercício em uma resposta associada ao estresse metabólico (Gentil, 2011)
Esses são alguns pequenos detalhes. Pode parecer ruim... e na verdade é ruim sim, mas já vi coisas piores! No geral, a matéria é válida por falar da "novidade" dos treinos curtos e intensos e gostei especialmente a parte que fala dos perigos dos esporte de longa duração.
Para os professores fica o alerta de se manterem informados pois os alunos querem informação, se nós não dermos, ele vão buscar em outro lugar. Para os alunos, procurem buscar informação de qualidade e, na dúvida, consulte seu professor!
(Paulo Gentil)
Chaston TB, Dixon JB. Factors associated with percent change in visceral versus subcutaneous abdominal fat during weight loss: findings from a systematic review. Int J Obes (Lond). 2008 Apr;32(4):619-28
Gentil, P. Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia. 4 edição. Rio de Janeiro, Sprint, 2011
Heden L, Lox C, Rose P, Reid S, Kirk EP. One set resistance training elevates energy expenditure for 72 hours similar to three sets. Eur J Appl Physiol. 2011; 111 (3): 477–84.
Mayo MJ, Grantham JR, Balasekaran G. Exercise-induced weight loss preferentially reduces abdominal fat. Med Sci Sports Exerc. 2003 Feb;35(2):207-13.
Murphy JC, McDaniel JL, Mora K, Villareal DT, Fontana L, Weiss EP. Preferential reductions in intermuscular and visceral adipose tissue with exercise-induced weight loss compared with calorie restriction. J Appl Physiol. 2012 Jan;112(1):79-85Ver mais
Desde que comecei a estudar eu confesso que fui obrigado a parar de ler certas revistas e assistir determinados programas, pois já estava desenvolvendo uma úlcera por estresse e corria sério risco de infartar ...no meio de algumas matérias. O maior problema de determinados veículos é que as informações chegam com muito atraso e com muitos erros, normalmente impulsionadas por motivos não tão nobres.
Mas vamos ao caso específico. O uso de atividades intensas e de curta duração é muito antigo, por exemplo, Zatopek popularizou o treino intervalado nas Olimpíadas de 1952 em Helsinque, e há relatos que esse tipo de treino já era usado há mais de um século. No entanto, é bom ver que a informação, enfim, chega ao grande público, mesmo que com qualidade e atraso preocupantes.
Alguns pontos sobre a matéria:
- logo de cara já tem um erro comum, pois não existe diferentes tipos de hipertrofia, portanto não se pode falar em aumento desproporcional de sarcoplasma e miofribilas (Gentil, 2011).
- a gordura não é uma fonte de difícil metabolismo, muito pelo contrário ela é mobilizada até mesmo quando estamos em repouso. Dizer que poucas atividades queimam gordura seria o mesmo que queimar todos os princípios do metabolismo energético.
- a gordura perdida preferencialmente é a da região abdominal (Murphy et al., 2012; Chaston et al., 2008; Mayo et al,. 2003) e a matéria afirma que a gordura abdominal seja a última reserva de energia do seu corpo. A última reserva que seu corpo utilizará são as proteínas!!!
- não existe artigo científico sobre o protocolo de 7 minutos de Klika e Jordan e seria bom ficar claro que eles são personal trainers e não cientistas ou pesquisadores
- o Human Performance Institute é uma empresa de treinamento em diversas áreas e para diversas pessoas (atletas, militares, empresários...) e não um centro de pesquisa em exercício.
- o estudo usado para dizer que o método eleva o metabolismo por 72 horas não pode ser usado para isso. Kilka e Jordan não realizaram estudo algum, eles citam um estudo de Heden et al. (2011) no qual se realizou um circuito com 10 exercícios (leg press, mesa flexora, flexão plantar, supino, puxada, desenvolvimento, rosca direta, extensão de cotovelos, flexão de tronco, extensão de tronco) com 10 repetições máximas de cada um na cadência 4020, o que levou 16 minutos para ser concluído. Ou seja, não tem nada a ver com o protocolo em termos de sobrecarga, velocidade, duração, tipo de exercícios, etc.
- o método de 7 minutos é legal para um sedentário, mas terá benefícios limitados e de curta duração, por carecer de boas possibilidades de progressão de intensidade. Não resolverá a vida de ninguém! Um bom professor cria um treino melhor dentro do mesmo tempo
- o kettlebell é de origem europeia e foi popularizado na Rússia lá pelo século XVII, essa história de sino de boxeador é novidade pra mim e para qualquer estudioso. Ah, e o popularizador dele foi o russo Pavel Tsatsouline, e não o tal do Ferris, que é um desses gurus da moda.
- Por falar em Ferris, dizer que é dele a ideia de reduzir o volume de exercícios chega a ser ofensivo. Se eu fosse falar de alguém falaria de Arthur Jones, o criador do HIT que já falava "less is better" há mais de meio século
- o GH não é liberado para recuperar os músculos após o exercício, ele é liberado durante o exercício em uma resposta associada ao estresse metabólico (Gentil, 2011)
Esses são alguns pequenos detalhes. Pode parecer ruim... e na verdade é ruim sim, mas já vi coisas piores! No geral, a matéria é válida por falar da "novidade" dos treinos curtos e intensos e gostei especialmente a parte que fala dos perigos dos esporte de longa duração.
Para os professores fica o alerta de se manterem informados pois os alunos querem informação, se nós não dermos, ele vão buscar em outro lugar. Para os alunos, procurem buscar informação de qualidade e, na dúvida, consulte seu professor!
(Paulo Gentil)
Chaston TB, Dixon JB. Factors associated with percent change in visceral versus subcutaneous abdominal fat during weight loss: findings from a systematic review. Int J Obes (Lond). 2008 Apr;32(4):619-28
Gentil, P. Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia. 4 edição. Rio de Janeiro, Sprint, 2011
Heden L, Lox C, Rose P, Reid S, Kirk EP. One set resistance training elevates energy expenditure for 72 hours similar to three sets. Eur J Appl Physiol. 2011; 111 (3): 477–84.
Mayo MJ, Grantham JR, Balasekaran G. Exercise-induced weight loss preferentially reduces abdominal fat. Med Sci Sports Exerc. 2003 Feb;35(2):207-13.
Murphy JC, McDaniel JL, Mora K, Villareal DT, Fontana L, Weiss EP. Preferential reductions in intermuscular and visceral adipose tissue with exercise-induced weight loss compared with calorie restriction. J Appl Physiol. 2012 Jan;112(1):79-85Ver mais
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